algo em mim não deixa morrer o trem
em minha cidade: Santa Maria da Boca Monte!
– fico esperando a próxima viagem!
—-
nas noites de inverno
aguardo o apito em meio à cerração…
chegadas e partidas,
e eu, no meio da multidão…
—-
vejo pessoas alegres e tristes
gente de todas as idades
—-
meu avô ferroviário
é o maquinista desse trem,
embarco sem saber o destino
– sou menino nesse sonho,
qualquer lugar será bom,
a vida é um espetáculo
para meus olhos
—-
meu pai avisa que é preciso sair
antes da aurora
num auto de praça
– e lá vamos nós
eu e meu melhor amigo,
pra onde me levar estarei feliz
—-
vejo a vida passar nesse sonho
e tudo vai ficando para trás
o vento canta canções de saudade
e o tempo avisa que é o senhor de tudo…
—-
no meu pensamento
todos poderiam embarcar nesse trem,
mas o tempo avisa que é o senhor de tudo…
—-
o tempo avisa que é o senhor de tudo…
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Uma poema saudosista do médico cardiologista Márcio Couto.
Lembranças de onde viveu, onde estudou e onde está sua mãe, de 95 anos.