A lembrança dos pais nem sempre os filhos os têm, mas aqueles que são privilegiados com estas lembranças tem muito que contar.
Só depois de adulto é que tomei conhecimento que existe o dia dos pais.
Aqui no Brasil em 16 de agosto de 1953 é que o publicitário Sylvio Bhering, à época diretor do Jornal O Globo, para associá-lo ao Dia de São Joaquim pai de Maria, mãe de Jesus, instituiu esta data. No entanto nos anos seguintes a comemoração foi deslocada para o segundo domingo do mês de agosto e permanece até hoje.
Meu pai viajante comercial ou caixeiro viajante nem sempre estava em casa aos domingos, e não me lembro quando foi a primeira vez que motivado pelo comércio comemoramos o dia dos pais, mas uma comemoração especial sempre foi feita em agosto, mas no dia 04, que era seu aniversário, quando não estava com ele neste dia, pois morávamos em cidades distantes, ele em Aracajú e eu no Rio ou já em Cascavel, nos falávamos pelo telefone com longos papos.
A presença do pai na formação de uma criança é muito importante, mas hoje devido a famílias diferentes, ou pais ausentes, ou filhos órfãos, muitas escolas estão mudando as comemorações, instituindo dias de confraternizações familiares, com membros da família em festas alegres sem especificar a figura do pai.
Até hoje tenho saudades de meu pai, todas as vezes que estava em casa contava histórias da sua vida, os mais citados eram o Décio, o Bailão, Augusto, Sá, Júlio Teixeira Guimarães, Domingos de Abreu, Adelino e muitos outros e sempre crescíamos emocionalmente e espiritualmente pois eram exemplos de liberdade, igualdade e fraternidade, oriundos da escola que ele frequentava.
Muitos pais partem para novas aventuras deixando as mães com dupla função e outros dão adeus a esta encarnação, deixando a família desmantelada, e muitas vezes os avós, os tios, e até os irmãos mais velhos têm que improvisar-se na função de Pai. As primeiras brincadeiras, os primeiros brinquedos, trazem sempre saudades alegres, e as surpresas que sempre apreciávamos, quando íamos a Vassouras com minha mãe em consulta médica, ou quando chegava no domingo à noite do Rio de Janeiro trazendo, um chocolate (batom) ou uma queimadinha enrolada em palha de milho. Adulto e já com filhos ligava para meu pai pedindo ajuda, em problemas do dia a dia, até dinheiro emprestado, que quase nunca pagava, mas muitos conselhos vinham de sua maturidade e dos exemplos de vida. O primeiro terno, o primeiro relógio de pulso, quanta alegria, quanto orgulho que nestes momentos era recíproco, nas primeiras formaturas sempre presente, e aos amigos vangloriava-se com as conquistas do filho e talvez eu não soubesse o valor da Presença de um pai Presente. Não sei o que é tristeza, sinto saudades, não sei o que é pessimismo ouço sua voz me incentivando, não sei o que é depressão, sua presença fazia no meu organismo a produção de endorfina e oxitocina, sempre me impulsionando para dias melhores.
Recomendo a meu filho, agora também pai, para mirar-se nos exemplos de Jesus para orientar-se, amar o próximo, agradecer mais que pedir, e lembrar-se que no mundo maior a vida continua permitindo o desenvolvimento espiritual.
José de Jesus Lopes Viegas – Presidente Associação Médica de Cascavel / CRM-PR 5279