MINHAS PAIXÕES: MEDICINA E COOPERATIVISMO

Sou médico ginecologista e obstetra há mais de 30 anos. Muitas consultas, plantões, cirurgias e mais de 4 mil partos. A profissão de ginecologista e obstetra me trouxe muita satisfação. Tive muitas alegrias e momentos difíceis na minha missão como médico. O que eu mais gosto da minha profissão é poder prestar atendimento direto a pessoas, que muitas vezes estão em sofrimento ou precisando de ajuda. Trazer alívio e melhorar a qualidade de vida dessas pessoas é muito gratificante.

Lidar com um momento tão sublime como o nascimento de uma criança é maravilhoso. A satisfação da família quando o bebê vem ao mundo transcende qualquer dificuldade que enfrentamos. Quando alguma intercorrência acontece num parto ou cirurgia ficamos muito amargurados. Encaro todas as pacientes como se fosse da minha própria família e quando algo de errado acontece sofro muito com eles. Mas todas as profissões tem suas horas de alegrias e tristezas. Nesses 30 anos alcancei bons resultados e poucas amarguras, muitas histórias boas para contar. Sinto-me abençoado por ter podido escolher a minha profissão e por poder me dedicar todo dia a ela, recebendo em troca muito carinho das pacientes. A medicina é uma paixão e fico realizado com a missão sendo cumprida.

O cooperativismo tornou-se para mim outra paixão viciante. Há 16 anos atrás fui convidado para participar das eleições para o conselho de administração da nossa Unimed de Cascavel. Naquele tempo nem sabia direito como funcionava uma cooperativa médica. Achava que era mais um convenio para atender nossas pacientes e que me traria mais clientes para minha clínica. Ao longo destes anos fui diretor financeiro, secretário, superintendente e por fim assumi a presidência do Conselho nas últimas duas gestões que duraram 6 anos. Uma nova rotina de vida surgiu e fico grato por isso. Metade do meu tempo me dedicava à Medicina e a outra às obrigações de manter a cooperativa forte e sustentável. A Unimed é a maior cooperativa médica do mundo e a responsabilidade de gerencia-la traz enormes alegrias como também muitos desafios.  Com o passar do tempo participei de dezenas de reuniões e cursos de aperfeiçoamento para melhor comandar a nossa cooperativa, desenvolvendo novas habilidades de gestão sem abandonar os cuidados com os meus pacientes de consultório ou salas de cirurgia.

Nestes últimos anos contei com a preciosa colaboração de todos os meus diretores, superintendentes, gerentes e dos colaboradores. Nosso time gestor sempre foi comprometido com a melhora constante de todos os processos para tornar nossa cooperativa saudável, sustentável e perene. A Unimed de Cascavel cresceu muito, com 90 mil beneficiários que, para mim, são os verdadeiros donos da cooperativa. São eles que pagam suas mensalidades para que todo o sistema funcione. Sem eles não teríamos com manter todos os pagamentos de suas consultas, exames, cirurgias, etc. No Brasil, o maior exemplo de cooperativa na área da saúde é a Unimed. A empresa está presente em 84% do território nacional e conta com 114 mil médicos cooperados. Por esses números tão expressivos, já dá para imaginar que estamos falando de um modelo de negócios atrativo e que traz diversos benefícios também para a sociedade.

A Unimed de Cascavel vem sendo reconhecida tanto no estado do Paraná com como também dentro do Sistema Nacional Unimed com diversos prêmios de gestão como o selo diamante de sustentabilidade e gestão (única do pais em 2020) como também entre as melhores do Paraná com diversos prêmios conquistados nos nossos encontros anuais (SUESPAR). Mas nem tudo são flores. Nosso sistema encontra diversas ameaças para sua perenidade. O modelo atual de produção médica que visa o pagamento de tudo o que é realizado em nossos beneficiários (fee for service) resulta em desperdícios. Esse modelo de remuneração resulta em impactos significativos, como o aumento do preço das mensalidades e a perda de qualidade na assistência. Além disso temos outros problemas: envelhecimento da população, excessiva judicialização por negativas de procedimentos não cobertos pelo Rol de procedimentos e o “desrespeito” ao instrumento jurídico perfeito – os contratos. Há a ameaça da concorrência com planos mais baratos que os nossos que pode resultar na diminuição da nossa carteira de beneficiários e reduzir nosso faturamento.

O dia a dia da gestão da nossa cooperativa traz outros desafios. De um lado o beneficiário reclama que paga muito pelo plano de saúde, o médico cooperado que ganha pouco pelas consultas e cirurgias, os hospitais que não conseguem pagar suas contas, os laboratórios e clinicas que muitas vezes realizam exames desnecessários e que são mal remunerados. Para administrar e lidar com todos estes problemas demanda uma gestão profissional de seus dirigentes. Mas no final das contas fiquei muito satisfeito com os resultados alcançados e também realizado com mais esta missão cumprida. Agora que não participo mais da gestão da Unimed continuo intensificarei meu tempo com as atividades de médico. Medicina e Unimed. Minhas paixões. Saudações cooperativistas.

Danilo Galletto – Médico ginecologista