A gente precisa se encontrar

O calendário acaba de registrar o início de um novo ano e, após o retorno da viagem com a família, é hora de guardar o pinheiro de Natal com cuidado para que possa ser aproveitado mais vezes. Na modesta biblioteca consulto livros e papéis que guardo de forma proposital ou aleatoriamente, quando alguma coisa me chama a atenção. Uma de minhas tantas manias: guardar revistas com assuntos curiosos, fatos que envolvam “personalidades” nacionais e mundiais. Outra: guardar jornais de períodos que antecedem trocas de administrações municipais de nossa região ou mesmo nas trocas do poder legislativo – aquele que deveria ser o mais forte e atuante de todos.

Nos principais municípios da nossa região Oeste, nos pequenos, declarações, propostas, todos os envolvidos na política com intenções fabulosas. Ao final de seus mandatos, na grande maioria dos casos, porém, uma passagem quase melancólica, ou mesmo medíocre. Um fato curioso é a nominata de assessores e colaboradores, que pouco muda com o andar da carruagem, seja quem for a “autoridade” do momento. No primeiro ano há muita movimentação, no segundo já há novas eleições que envolvem os atores do mundo da política, com muitas trocas ou criações de “partidos”. O terceiro é morno e no quarto observa-se um misto de despedida e de sonhos de continuidade (às vezes uma espécie de “vale-tudo”).

O que sinto, verdadeiramente, é que a gente, a comunidade, precisa se encontrar – com alguma consciência social, com alguma lucidez social, com alguma responsabilidade pelo todo, pelo conjunto.  A política é a utopia contemporânea, um meio de lançar pontes e resolver problemas; é através dela que devemos atuar. Uma ideia seria “costurar” esses partidos em grupos ou frentes permanentes de trabalho ou estudo, cada grupo ou frente se dedicando aos temas do cotidiano, polêmicos ou não, nas diferentes comissões, com a participação dos representantes dos diferentes setores da comunidade, grupos sociais, representantes de empresários e trabalhadores, estudantes, moradores da área rural – esses em geral pouco lembrados.

A imprensa tem feito bem o seu papel, acompanhando o dia a dia da comunidade local e regional. É importante que todos tenham uma visão geral da sua cidade e de sua inserção regional.  A gente precisa se encontrar mais, uma comunidade fracionada é fraca.  Alguma consciência e alguma lucidez partindo do individual para o coletivo, dos líderes para a comunidade, dessa para cidade, e da cidade para a região. Alguns bons passos podem ser dados; outros já têm sido, mas a maioria são passos perdidos.

Dr. Márcio Couto – Médico Cardiologista – CRM-PR 14933.