As lições de Cícero

Cícero ensinava, no século I a.C., que a “arte de envelhecer” era encontrar o prazer que todas as idades proporcionavam, com suas virtudes.

O filósofo Cícero, antes de ser assassinado a mando de um inimigo político invejoso, enviou uma carta a seu amigo Tito, citando um personagem da mitologia grega, Títono, que ganhou dos deuses a imortalidade, mas na velhice. Ele afirmava que as melhores armas para a velhice são o conhecimento e a prática das virtudes. Mais, a sabedoria, a clarividência e o discernimento eram armas mais valiosas do que a força, a agilidade física e a velocidade (rapidez) para a realização de grandes façanhas.

Como médicos e profissionais da área de saúde, recomendamos aos pacientes um plano de prevenção às doenças comuns ao envelhecimento, como osteoporose, artrite, hipertensão arterial e isolamento social. Alimentação saudável, exercícios para manter o corpo flexível e a mente bem equilibrada. Alongamento, caminhadas, natação, hidroginástica e ioga são algumas das atividades mais indicadas para manter-se em forma. Outras propostas: após os 60 anos, deve-se tomar um banho de sol de alguns minutos, nem sempre usando o protetor solar. Procure fazer aquilo que lhe dá prazer, evitando situações estressantes. Passeios e reuniões com pessoas queridas são desejáveis.

O cuidado com a aparência é importante para manter o astral em alta. Outro aspecto positivo é procurar novos interesses, como pintura, literatura (poesia), viagens, cursos de teatro ou cinema, artesanato. Para manter o cérebro em bom funcionamento, continue fazendo, pelo menos 3 vezes por semana, palavras cruzadas, charadas, leituras que proporcionem a concentração, como romances policiais. Muitos estudos já mostraram que a meditação acalma a atividade do cérebro, reduzindo o estresse e melhorando o humor, além de controlar dores crônicas.

Bem, com esses cuidados, e apesar da correria dos tempos modernos, poderemos alcançar a “doce, harmoniosa, bastante leve e até mesmo agradável” velhice sugerida por Cícero, que afirmava que a natureza fixava os limites convenientes da vida como de qualquer outra coisa. A velhice seria, em suma, “a cena final dessa peça que constitui a existência”. Cabe a todos que ajudemos uns aos outros para que alcancemos idades avançadas – assim, poderemos verificar, por nós mesmos, a justeza dos ensinamentos do filósofo.

Dr. Márcio Couto – Médico Cardiologista – CRM-PR 14933

Membro da diretoria da AMC.